segunda-feira, 11 de maio de 2009

A intolerância religiosa

A cerimónia de evocação da Shoah no Yad Vashem, que terminou há hora e meia, foi forte e comovente. O Papa Bento XVI afirmou: “Possam os nomes destas vítimas não morrer nunca! Possam os seus sofrimentos não ser nunca negados, diminuídos ou esquecidos." Mas o rabino Meir Lau achou insuficiente. "Não houve um pedido de desculpas", faltou uma menção "aos alemães ou aos nazis que participaram na carnificina", tão pouco houve uma "palavra de lamento". E o Papa, criticou ainda Lau, não disse especificamente que morreram seis milhões de judeus. A frase de Bento XVI foi: “Estou aqui em silêncio para honrar a memória dos milhões de hebreus mortos na horrenda tragédia da Shoah”. Faltou dizer "seis", coisa que Bento XVI fizera de manhã, ao chegar a Telavive.

Há meia hora, no encontro inter-religioso, foi o grande mufti de Jerusalém a estragar a festa. Tal como há nove anos, o responsável muçulmano usou o discurso político da reivindicação violenta para falar da situação da Palestina. Onde leva esta lógica senão à continuação da mesma lógica que tem prevalecido? Quem ousa romper o círculo vicioso da violência?

O que já não espanta é ver que há responsáveis religiosos que continuam a não entender uma questão essencial: o olhar do outro. Os diferentes lados de todos os conflitos (também do Médio Oriente) têm que entender que nada se resolve enquanto o sofrimento do outro não for o seu próprio sofrimento; que nada se resolve enquanto as lágrimas do inimigo não forem as suas próprias lágrimas; que nada se resolve enquanto cada um não assumir os mortos dos outros como os seus próprios mortos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não podiam ter arranjado um budista para fazer a cobertura disto? É que o texto do cronista é muito católico-orientado! Não se pode ter tudo... ao menos agora que convidassem um judeu e um muçulmano.