Na crónica de hoje no DN e no JN, Manuel Vilas Boas sintetiza o dia de ontem do Papa em Belém, a casa do pão:
Cheguei a Belém com António Marujo, do Público, e José Manuel Rosendo, da Antena 1, ainda o Sol não tinha nascido. Veio depois, quente e pertur- bador. A diligência do taxista árabe saíra frustrada. O check-point impôs que atravessássemos o muro de segurança como em radiografia. Passaportes vigiados, portas de alta segurança.
A circulação esteve cortada desde as seis, por uns longos três quilómetros que fizemos a pé. Íamos de Jerusalém a Belém. As paredes vestiam-se de festa. Bento XVI e Abbas nunca estiveram tão próximos. No palácio da Autoridade Palestiniana, o Presidente queixava-se do sofrimento que o povo, enquadrado, não tolerava mais. E porque é que Jerusalém não regressa à capital da Palestina?
Bento XVI haveria de, ainda em Belém, tomar o mote por três vezes: a Palestina tem direito a ser pátria e Estado com fronteiras. E o Vaticano disponibiliza-lhe toda a máquina diplomática.
A missa, na Praça da Manjedoura, soube a sacrifício glorioso e memória dos mortos em Gaza. Vinte palestinianos da Faixa foram recebidos por Bento XVI.
Uma nova cultura da paz foi a melhor proposta desta concelebração, feita com dez mil participantes a cantarem a plenos pulmões. E a registarem outra sugestão de Ratzinger: "Uma Igreja no Médio Oriente laboratório de diálogo e tolerância."
A visita das visitas morou em Aida, com os refugiados em fundo. Bento XVI foi à escola da ONU de papamóvel. No recinto, o teatro das crianças e jovens e a boa disposição do Papa que foi o mais longe de sempre na coisa política. As palavras medidas arrasaram o muro de nove metros de altura e 800 km de extensão. O pecado de Israel. Por experiência de casa, Ratzinger avisou que os muros não duram sempre. Isto aconteceu em Belém, casa do pão, como diz o nome hebraico, que gerou, sonhado por profetas, o príncipe da paz.
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