Hoje, a partir das 18h30, a Fundação Mário Soares (Rua São Bento, em Lisboa), será o local de apresentação do livro "Dança dos Demónios - Intolerância em Portugal". Esta obra, coordenada pelo historiador José Eduardo Franco e por mim, inclui dez textos de grande qualidade sobre a oposição violenta a determinados grupos (seja essa violência física, dutrinal ou psicológica).
A lista de temas, pela ordem dos nomes que aparecem no convite ao lado, é a seguinte: Antifeminismo, Antiliberalismo, Anti-semitismo, Anti-islamismo, Antiprotestantismo, Antijesuitismo, Antclericalismo, Anticomunismo, Antimaçonismo e Antiamericanismo.
Para que se possa ter uma ideia do conteúdo do livro, fica aqui um texto adaptado da introdução do mesmo:
"O inferno são os outros"? Organizado em dez temas, este livro pretende mostrar que há movimentos e atitudes culturais que constroem uma história de que não se fala e permanecem como atavismos que só a consciência democrática e culturalmente fundada poderá vencer.
Os temas aqui reunidos falam de mitos de complô, estruturam-se na suspeita e na diabolização, no medo e na fobia, conduzem ora ao desejo de exclusão, ora à tentativa de absorção e apagamento da cultura do outro, ou ainda ao desenvolvimento de mecanismos sociais e culturais de limitação de direitos e liberdades.
Há uma forma mentis maniqueísta e intolerante, comum a todos estes fenómenos, que vê o Outro como inimigo a abater, como uma negação extrema do Nós. Seja qual for o grupo de que se fala – judeus ou muçulmanos, feministas, jesuítas, liberais ou maçons – ele é sempre tomado como secreto. Por vezes, as vítimas de uma determinada época histórica passam a carrascos no momento seguinte. E vice-versa. Outras vezes, o inimigo muda de rosto ou vários inimigos passam a alvo do mesmo preconceito.
Em todos os casos, esta demonização do outro ignora que a humanidade se construiu e continuará a construir precisamente na base de intersecções sucessivas. Contando com a colaboração de dez investigadores reconhecidos, cada texto perscruta a génese e evolução do fenómeno em causa, apresenta a sua doutrina ou traços ideológicos e estuda a sua recepção cultural, literária ou mental.
Este projecto constitui, assim, um contributo para a análise e compreensão histórica, cultural e ideológica das imagens construídas, em forma de abominação, em torno das diferentes mundividências, modos de estar, pensar e agir que se afirmaram em Portugal.
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