quinta-feira, 29 de agosto de 2013
terça-feira, 27 de agosto de 2013
“A poesia me salvará”. A mística de Adélia Prado
"Rezar com os Místicos" é a designação de uma iniciativa anual do Cepat/CJ-Cias, do Brasil, que teve no último sábado a edição correspondente a 2013, centrada na poetisa Adélia Prado. Já por lá "passaram" nomes de místicos cristãos como São João da Cruz, Santo Inácio de Loyola, Santa Teresa de Ávila, entre outros. A reportagem é de Jonas Jorge da Silva e as foto de Ana Paula Abranoski, ambos da equipe do Cepat/CJ-Cias, e foi publicada na newsletter da Unisinos de ontem.
Neste último sábado, dia 24 de agosto, ousou-se partir da experiência de vida cristã da poetisa mineira Adélia Prado, com a assessoria da professora de teologia da PUC-Rio, Mônica Baptista Campos, que fez um estudo intitulado ““A poesia me salvará”. Mística e afeto para uma cristologia teopoética na obra de Adélia Prado”. A partir da contribuição da poetisa mineira, Campos apresentou e encantou a todos os participantes com a possibilidade de uma experiência sensível e aberta à vivência cristã no cotidiano do tempo presente.
A assessora enfatizou que em suas poesiasAdélia Prado consegue captar os pequenos detalhes, enxergando o fundamental nas coisas do cotidiano. Sua poesia é a expressão da beleza presente na vida. É por esse caminho que ela entende a Deus. Para ela, experiência mística e experiência poética são uma mesma realidade.
Adélia Prado retoma a dimensão do belo e do encantamento com a vida, perdida todas as vezes que no cristianismo houve um estreitamento do olhar para uma visão meramente racionalista e lógica do mundo. A mística na obra da poetisa é o inundar-se, sem querer decifrar, mas deixando-se envolver pelo mistério.
A poetisa escreve o que vive. Nunca optou pelo burburinho, abrindo mão do assédio daqueles que querem dissociá-la da complexidade que é a própria vida simples, elementar. Na experiência de um mosteiro, por exemplo, considera o porteiro e o cozinheiro aqueles com maiores possibilidades da vivência mística. “Deus está entre as panelas”, escreve a poetisa.
No mundo da apatia, para a poetisa sentir é fundamental. Essa sua sensibilidade é fruto de sua própria condição. Aquilo que escreve não nasce de uma intelectualidade esvaziada de vida. Ela é uma mulher comum. É mãe de cinco filhos, tem medo de viajar de avião, foge do glamour e preserva a cultura do interior. Além disso, foi professora, catequista e sempre apreciou uma boa liturgia. Portanto, os principais temas e aspectos da literatura de Adélia Prado são: a condição da mulher, a forte impregnação da religiosidade cristã e do cotidiano doméstico, familiar e social.
Para Adélia Prado, a poesia é uma possibilidade para qualquer pessoa. É como a graça, pode acontecer para qualquer um, porque a poesia é gratuita. Ela é inspiração divina. O caminho místico é o caminho do sentido. Deus é a principal poesia e a própria Criação é uma criação poética deDeus. “Poesia sois Vós, ó Deus. Eu busco vos servir”, escreve.
sábado, 24 de agosto de 2013
O que pensa o Papa Francisco – sobre Deus, a Igreja, o clero e a reforma da Cúria
Crónicas
Nas
crónicas destes dois últimos sábados, no DN, Anselmo Borges debruça-se sobre o
pensamento do actual Papa acerca de Deus e
também sobre a Igreja.
Fernando
Calado Rodrigues falou igualmente do Papa Francisco nas suas últimas crónicas.
Primeiro para falar sobre o clero, a partir de um estudo sobre o perfil psicológico dos padres, feito nos Estados Unidos – e que revela dados preocupantes – e, depois, para perspectivar as mudanças na Cúria Romana que se anunciam para depois
do Verão.
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Cheque-ensino: o papel das escolas católicas
Comentário
No
debate instalado sobre o chamado “cheque-ensino” há muitos falsos argumentos
que estão a ser trocados. Desde logo, porque em Portugal se parte de uma
divisão estanque entre ensino público e ensino privado. Em outros países (por
exemplo no norte da Europa), as bases do sistema de ensino são definidas pelo
Estado mas, depois, são os pais e os professores que se organizam para criar
escolas e definir, para elas, vários aspectos concretos de currículos,
programas e orientação.
Neste debate, as escolas
católicas – pelo peso que têm no sistema de ensino e no país – deveriam
participar de uma outra maneira, recordando precisamente aqueles que foram, em
muitos casos, os objectivos que estiveram presentes em muitas das suas origens:
projectos de inclusão para crianças de meios sociais desfavorecidos e de
alargamento da educação de base a toda a sociedade.
Não vale a pena ficar pela
discussão sobre se as escolas católicas são apenas para “meninos bem”. Essa,
sabemos, é a verdade em muitos casos. Mas todos conhecemos casos de famílias em
dificuldade que têm os seus filhos a estudar em escolas privadas católicas,
graças aos apoios que a escola dá. E também há pais que preferem sacrificar
outros bens (férias, carros, móveis) para ter os seus filhos a estudar em
escolas católicas. Por isso, a casuística não serve (completamente) para este
debate.
O que as escolas católicas
deveriam estar a reflectir, isso sim, é de que modo podem voltar a ser factores
de inclusão (e não de exclusão) e lugares onde se promove a educação para todos
– mesmo para pais e para o meio envolvente. Mesmo sabendo que já muita coisa se
faz, a reflexão sobre as origens de cada escola (ou do respectivo instituto
religioso) deveria levar a discussão a um outro nível, sobretudo quando crescem
na sociedade portuguesa os factores de exclusão, provocados pelas políticas de
austeridade dirigidas sobretudo para quem já não aguentava a vida que levava.
sábado, 10 de agosto de 2013
Uma entrevista do Papa Francisco à Globo
A par da entrevista sem tempo e sem limitação de temáticas que o Papa Francisco deu aos jornalistas que o acompanhavam no voo de regresso ao Vaticano, há essa outra entrevista dada à rede Globo, no Brasil, que não foi muito divulgada em Portugal:
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Infografia histórica das religiões do mundo
Clicar AQUI para aceder ao site russo "The World Religions Tree Infographics". Utilizando os sinais de mais e menos, do canto superior esquerdo, ampliar o gráfico para conhecer as principais tradções religiosas do planeta e suas ramificações até à atualidade:
domingo, 4 de agosto de 2013
As revoluções
Crónicas
Ainda
o Papa e as revoluções que ele está a pôr em marcha, em várias crónicas dos
últimos dias. No DN de sábado, Anselmo Borges falava da revolução tranquila:
em quatro meses, Francisco pôs em
marcha uma revolução tranquila, mas real, na Igreja, e a sua figura e mensagem
estão a abrir espaços de esperança num mundo globalizado, habitado por imensos
perigos.
No
Correio da Manhã de sexta-feira, Fernando Calado Rodrigues referia-se
à revolução da ternura:
É cada vez mais claro
que o Papa Francisco está a protagonizar uma "Revolução da Ternura",
que passa muito mais pelo acolhimento do que pela condenação. Quer que a Igreja
reaprenda a "gramática da simplicidade". E que, com a
"criatividade do amor", reinvente o anúncio de Jesus Cristo. Hoje.
Esta “revolução”,
note-se, está muito relacionada com a forma como o Papa Francisco se refere ao
acolhimento de todos, como aconteceu na entrevista que deu a bordo do avião que o levou do Rio de Janeiro a Roma, onde se referiu, entre
outras coisas, à forma como ele não condenaria alguém que fosse gay mas
procurasse Deus e tivesse boa vontade.
Também quarta-feira
passada, no DN, Baptista-Bastos se interrogava sobre alguns
aspectos do discurso de Francisco.
Este Papa, o seu discurso e a sua
conduta parecem desejar outro modo de ser Igreja, recuperando a expressão
"revolucionário" para o trânsito das ideias comuns, como necessidade
e como urgência. E di-lo e fá-lo com a simplicidade de quem ainda acredita na
força de um humanismo redentor. Devo dizer aos meus Dilectos que este Francisco
redespertou-me ressonâncias antigas, como as da reflexão colectiva e da
releitura daqueles, como Bertrand Russell (Por Que não Sou Cristão), cujo
ateísmo ou agnosticismo não dificultou a pesquisa do sagrado para o reencontro
com a própria condição.
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
Desafios à Igreja do Papa Francisco (1) - Uma estrutura ao serviço do Evangelho e os avisos do cardeal Walter Kasper
(foto: missa de início do conclave de 2013; reproduzida daqui)
No momento em que se aguarda a nomeação de um novo Secretário de Estado do Vaticano,
o cardeal Walter Kasper,
ex-presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, diz que não
importa tanto qual é o novo nome do mais próximo colaborador do Papa, mas, principalmente, saber
até que ponto ele traduzirá a mudança de “mentalidade” que é necessária no interior
da Cúria Romana. Em entrevista ao jornal
italiano Il Foglio, depois reproduzida e traduzida aqui, o cardeal diz que a Cúria é obrigada a abandonar o
“poder” e a “burocracia” em favor do “serviço à Igreja
universal e, é claro, às Igrejas locais”.
No livro Francisco,
Pastor para uma nova Época (ed. Paulinas), escrevi um texto intitulado Sete Desafios à Igreja do papa Francisco.
Publico a seguir um excerto do capítulo 6, “Uma estrutura ao serviço do
Evangelho”:
Sendo um órgão de aconselhamento e de
apoio do Papa no seu governo, a Cúria não pode tornar-se, ela própria, o
governo. O centralismo do papado e da Cúria acentuou-se nos últimos dois
séculos, com a maior facilidade das comunicações. Antes, a autonomia dos bispos
e a descentralização era muito maior. Hoje, tem de ser possível fazer a síntese
entre a necessária liderança universal, a autonomia das dioceses e o serviço
comum.
Dois aspectos particulares – o lugar do
IOR e o papel da diplomacia do Vaticano – devem merecer uma profunda reflexão.
Se, em determinada época histórica, pode ter sido importante criar um instituto
bancário para gerir as poupanças da Santa Sé, de ordens e institutos
religiosos, hoje a existência do «banco» do Vaticano não é mais sustentável.
Não bastará a sua remodelação e a garantia internacional de que tudo está a ser
feito para que o IOR não sirva para a lavagem de dinheiro. Há que colocar a
questão prévia: uma instituição como esta tem algo a ver com o Evangelho? A
resposta parece evidente demais...
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