Agenda
Os Primeiros 100 Anos do Cristianismo. De seita messiânica a Igreja Cristãé o tema do encontro de formação que a Associação Fraternitas promove entre sexta, dia 5 (início às 15h) e domingo, 7 (termina com o almoço). O encontro, que decorre no Seminário Nossa Senhora de Fátima, dos padres Dehonianos (Largo Padre Adriano Pedrali, 1, em Alfragide, Amadora), será orientado pelo pastor Dimas Almeida, da Igreja Presbiteriana de Portugal, que tem estudado esse período inicial da formação da ecclesia.
“As origens cristãs revestem-se de apaixonantes dimensões, não pela unanimidade das vozes (que nunca existiu), mas sim pela vivência de uma pluralidade fecunda”, lê-se no texto de apresentação do encontro, que adapta um texto de Henri Tincq publicado em Os Génios do Cristianismo(ed Gradiva). “Como é que a crença no Messias-Jesus, que caracterizou uma obscura seita judaica do século I, se foi transformando, nos seus primeiros cem anos, numa nova religião distinta do judaísmo? Como é que nos começos incertos vividos pelas primeiras comunidades se foi progressivamente tomando consciência da sua especificidade e identidade?”
A perguntas como estas procurará responder o itinerário proposto, que começará por abordar a pluralidade dos escritos sobre Jesus e a questão do cânone do Novo Testamento. Uma segunda etapa tratará dos diversos actores na progressiva autonomização da nova comunidade: a caracterização do judaísmo do início do século I, João Baptista e Jesus de Nazaré, a primeira comunidade de Jerusalém, os helenistas, Paulo de Tarso, João e Maria Madalena.
“Jerusalém, a cidade santa, alarma-se com o proselitismo dos neocristãos da diáspora na Fenícia, em Chipre, na Síria”, explica ainda o documento de apresentação da iniciativa. “Para Pedro, Tiago e os outros discípulos que seguiram Jesus e mantêm a sua herança, a ideia de romper com o judaísmo é completamente estranha: […] eles continuam a ir diariamente ao Templo para as suas devoções, recitam os salmos de David e as Escrituras (ainda falta muito até que os Evangelhos sejam escritos), celebram anualmente a Páscoa judaica, praticam a circuncisão, rezam em hebreu e, mais frequentemente, na língua local aramaica (ámen, aleluia, hossana, marana-tha).
Na apresentação do encontro, o texto faz notar que os novos cristãos não deixam de praticar gestos novos como a repartição do pão ou o baptismo da água, que dizem ter aprendido do seu fundador, mas isso é tudo quanto os distingue dos outros judeus. Eles “não procuram recrutar fora das sinagogas, onde repetem que o Messias chegou, que a tradição judaica ‘está cumprida’ num certo Jesus. É sobre a forma de observar as prescrições judaicas que vai rebentar o conflito entre os ‘judeo-cristãos’ de Jerusalém, fiéis ao Templo e à Tora, e os que, como Paulo, vêm dessa cultura judaica da diáspora helenizada”.
A querela acaba por chegar com a admissão dos gentios à nova ecclesia, a assembleia dos crentes: será necessário submetê-los a todas as obrigações impostas pela Lei judaica, nomeadamente a circuncisão, ou devem ser dispensados? É tolerável admitir na nova Igreja circuncidados e não--circuncidados e fazê-los coabitar?
Este será o guião para a terceira etapa do encontro, que procurará tratar a polifonia de interpretações, com os seguintes temas: “Quem dizeis vós que Eu sou?”; A questão da herança de Jesus; Pedro e Paulo; O concílio dos apóstolos; Quatro evangelhos e não um; A separação entre a sinagoga e a igreja; Como pode a pluralidade de um cânone ser fundamento para a proclamação da unidade cristã?
(O programa completo pode consultado aqui. Informações: Urtélia Silva: 914 754 706)
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