Quando os cristãos celebram a Epifania
(católicos e protestantes) ou o Natal (ortodoxos, em virtude do calendário
juliano, “atrasado” 12 dias em relação ao gregoriano), vale a pena revisitar
ainda três propostas natalícias.
A primeira é “Um Natal Barroco”, que nos
oferece o melhor da música barroca para esta quadra. Arrumado geograficamente
(Natal barroco alemão, italiano, inglês e francês), em três discos, o conjunto
termina com três peças de Bach.
Em qualquer dos casos, há nomes
incontornáveis entre os autores que aqui são reunidos. O Natal barroco alemão
oferece-nos peças de Samuel Scheidt, Dieterich Buxtehude, Matthias Weckman,
Michael Praetorius, Heinrich Schütz, Philipp Friedrich Böddecker e Johann Krieger. O
conjunto italiano propõe Arcangelo Corelli, Ignazio Donati, Francesca Caccini,
Giovanni Bassano, Giovanni Battista Bassani, Tarquinio Merula, Alessandro Grandi, Marc’Antonio Ziani
, Giovanni Antonio Rigatti e Giovanni Giorgi. Do barroco inglês podemos ouvir
peças de William Byrd, além de duas peças de autor anónimo. De França,
propõem-se-nos Eustache du Caurroy, Jean-François Dandrieu, Henry du Mont e
Louis-Claude Daquin, além de uma outra peça de autor anónimo – o belíssimo “Noël des Rois et des Princes”, de raiz popular.
Aliás, a maior parte destas peças são
inspiradas ou em textos litúrgicos ou em narrativas tradicionais. Fonte maior
de inspiração, como escreve Jérôme Lejeune na apresentação deste disco, o Natal
era (é) uma festa litúrgica mas também profana. E a própria história que o
Natal conta – a do nascimento de uma criança – está profundamente ligada a
acontecimentos que, de uma forma ou de outra, todos nós vivemos.
As 37 peças aqui reunidas dão-nos um conjunto
de sonoridades diversificadas, que se relacionam também com o motivo da música
– pode ser uma canção de embalar como o “Lullaby, my sweet little Baby”, de
William Byrd, ou uma contemplação do papel maternal de Maria, como “Sweet was
the Song the Virgin sang”, de um anónimo inglês; ou pode ser uma referencia às
figuras que adornam o presépio ou a
tradição – os pastores, os magos, os anjos, os animais, o rei mau Herodes.
As vozes e os músicos são também do que de
melhor existe na actualidade: Ricercar Consort, La Fenice, Choeur de Chambre de
Namur, Akadêmia, La Pastorella, e ainda Vox Luminis, Syntagma Amici/Les
Corsaires du Roi, Mare Nostrum, Ensemble Faux Bourdon e Les Agrémens.
Quatro horas de belíssima e
incontornável música.
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