"(...) Talvez o mal-estar e a solidão das vidas que vivemos, talvez os nossos trajectos cambaleantes e meio sonâmbulos, o sem porquê de tamanhas colisões nasçam daqui: de não reconhecermos já, na topografia alterada e massificante das cidades, os traços do sítio onde nascemos. A própria arquitectura não só trabalha pouco a questão da memória, como parece muitas vezes um elogio ao esquecimento. Para não falar das habitabilidades pouco pensadas, da desolação das periferias e do próprio centro. Olhamos em redor e a própria cidade desmantela rapidamente o que até há pouco fomos. É pouco provável que ao cruzar a rua nos corra ao encontro a própria infância".
José Tolentino Mendonça, Pagina 1, 26.2.2009
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