1 - A ignorância parece ser um dos problemas graves com que nos confrontamos na hora de tratar informação religiosa: ignorância nas redacções, muitas vezes incapazes de avaliar a real importância de um acontecimento; ignorância nas instituições, sobre a forma como se devem relacionar com os profissionais dos media; ignorância dos jornalistas, que nem sempre descobrem o ângulo criativo que um acontecimento religioso pode ter.
2 - O que se passa nas redacções é apenas um indicador da incapacidade da sociedade portuguesa pensar o fenómeno religioso; e nas redacções nem sempre valorizamos as perguntas que as pessoas fazem e as experiências que vivem, privilegiando antes o institucional, o factor de conflito e os fait-divers.
3 - Uma questão de fundo: é verdadeiramente um problema cultural aquele que vivemos - a difícil relação dos media com as religiões (e vice-versa) é apenas um factor, entre outros. As universidades e o debate público, por exemplo, esvaziaram-se da reflexão sobre a dimensão religiosa - quando não traduzem ignorância na hora de a abordar.
No final do debate (no qual surgiram outras ideias importantes), apareceram propostas para continuar esta reflexão. A seu tempo, este blogue servirá de plataforma de encontro para esse efeito.
6 comentários:
Saudações, companheiro(s).
Mais do que a ignorância, preocupa-me a tal "descapitalização", o preconceito e, acima de tudo, a suposta irrelevância que alguns atribuem a estes temas. Se a resposta não pode ser feita no plano do debate cultural/histórico, pode ser feita com números, audiências, tiragens.
De facto, um ângulo criativo vale mais que mil discursos e cativará mais leitores/ouvintes/telespectadores do que possamos imaginar.
Seja como for, não podemos julgar que temos apenas respostas para dar, mas também muito para aprender.
Abraço
Além de perceber como melhorar, temos de perceber onde estão as barreiras que nos impedem de abordar o fenómeno religioso da mesma forma que é abordada a política, a economia e o desporto. Mesmo se tivermos jornalistas formados e criativos a tratar do assunto, mesmo se as instituições religiosas funcionarem bem, mesmo se houver conteúdos interessantes, tudo continuará sempre dependente de haver espaço nos órgãos para que elas surjam. E isso, neste momento, e vendo as estatísticas e os testemunhos apresentados ontem, parece difícil.
Com isto não digo que é inútil os jornalistas serem preparados ou as instituições religosas melhorarem as suas formas de comunicação. É só que, mesmo com tudo isso, continuará sempre a faltar "mais um bocadinho assim"...
Olá, gostava de deixar apenas um pequeno comentário. Mais do que religião, gostaria fosse abordado o assunto, espiritualidade. A ideia que tenho, é a de que as pessoas têm, lentamente, começado a despertar novamente para a sua espiritualidade, independentemente da religião que praticam, ou que não praticam. A religião pode ser considerada uma instituição e isso tem afastado as pessoas, enquanto que a espiritualidade é algo que carregamos dentro de nós naturalmente, com a qual nascemos e morremos, algo que apenas precisamos de aceitar como parte integrante de nós próprios e a consciência da sua importância nas nossas vidas.
Cumprimentos
Três comentários interessantes, com contributos relevantes para esta conversa a continuar. Permitam-me que retenha a sugestão da Filipa, porque ela traduz uma das preocupações deste blogue. É que ele quer estar aberto a todas as dimensões da busca de sentido, que hoje se exprimem de muitos modos, com diferentes linguagens, viajando por diferentes caminhos.
Eu só tenho uma coisa a dizer sobre a discussão da religião...: como é que é possível que após 150 anos da publicação da "Origem das Espécies", com a quantidade de desenvolvimentos cientificos nas áreas da genética, sociologia, psicologia, física, etc.... ainda existe gente que acredita mesmo que existe um ser "lá em cima"....
Fico estupefacto... só espero é que a discussão mude para: "o papel que a religião já não tem, e como a tornar apenas mais uma nota na história".
Para a Filipa Simões: a "espiritualidade" não existe! Se conseguir provar que sim, tem direito a um prémio de 1 milhão de dólares (é mesmo verdade). Pense mas é nisto: O ser humano é apenas um acaso no universo.(ponto final).
Muito obrigado, e viva ao Darwin
O mesmo milhão de dólares para si, Thule, se conseguir provar que não existe :) A fé não é uma questão de prova, a fé é acreditar em algo que não se consegue provar.
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