"Diria que há coisas na natureza e na condição humana que me impõem a existência de um núcleo misterioso a que chamo Deus. [...] Estamos no tempo da morte de Deus, da sua ausência infinita, e aguardamos a sua Ressurreição. É evidente que não posso estar interessado num deus que aterrorizou toda a minha vida passada, que me cortou cruelmente de uma perspectiva de desenvolvimento humano que tem que ser vivido na terra e de que procura separar-me: dos prazeres, dos valores que a terra me proporciona, quer na minha comunicação com os outros, quer no meu desenvolvimento pessoal como o amor humano e a alegria. Recuso uma concepção de Deus cujo caminho seja a tristeza e a angústia."E a crónica termina com esta ideia:
"Alçada, na sua peregrinação, perdeu-se de uma Igreja que sabe tudo e de um Deus autoritário. Encontrou em Cristo a humanidade de Deus, a fonte da possível humanização divina da Igreja".
Ao ler este remate de Bento Domingues, pus-me a pensar que, quando numa relação, se geram movimentos de aproximação ou de afastamento, esses movimentos afectam não um mas os vários pólos da relação. Quem se afastou, afinal? Alçada, certamente. Mas a pergunta pode estar mal colocada ou carecer de uma outra, para ser completa: quem se afastou de Alçada? Porque não podem os inquietos, os que buscam, encontrar um espaço? Porque se desencadeia, em processos como esses, a lógica do transviado, o rolo compressor da lei, em detrimento da leveza e frescura da graça?
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