Um
padre luso-canadiano foi esta quinta-feira nomeado novo chefe de protocolo do
Vaticano. O padre José Avelino Bettencourt passa a assegurar, assim, as
relações com o corpo diplomático, informa a agência Ecclesia.
José
Avelino Bettencourt, 50 anos, é natural dos Açores, tendo emigrado com a
família para o Canadá. Ordenado padre em 1993, em Otava, entrou para o serviço
diplomático da Santa Sé em 1999.
Em
1 de Maio de 2010, nas vésperas da visita de Bento XVI a Portugal, publiquei no
Público/P2, um pequeno perfil do novo chefe de protocolo do Vaticano, que aqui se reproduz:
José
Bettencourt: Abrir as portas do Papa
Monsenhor
José Bettencourt está perto do Papa (trabalha na Casa Pontifícia) e no centro
do mundo – sente a cidade como tal, como lugar onde se cruzam caminhos
“intelectuais, artísticos, espirituais”. E sente-se
privilegiado por poder ir, quando quer, à Capela Sistina.
Nascido
em 1962 nas Velas de São Jorge (Açores), foi com a família para o Canadá quando
tinha três anos. Ordenado padre em 1993, o arcebispo de Otava pediu-lhe, em
1995, para vir para Roma estudar Direito Canónico. Por aqui ficou, depois de
ter sido convidado para o serviço diplomático da Santa Sé.
Começou
em zona quente, em 1999, na nunciatura (embaixada) do Vaticano na República
Democrática do Congo, onde assistiu à guerra civil e ao assassinato de Kabila.
Foi parado duas vezes por militares. Tudo acabou bem, mas o monsenhor (título
concedido pelo Papa a um padre, honrando determinados serviços) ficou
impressionado com as “muitas necessidades” que viu.
Não
tem dúvidas de que a diplomacia do Vaticano tem estes problemas como
prioridade: “Defende os princípios da dignidade humana, da defesa da paz, da
democracia e do respeito pelas organizações internacionais.” A Cáritas
Internacional, recorda, presta duas vezes mais assistência que a Cruz Vermelha,
mas a Igreja trabalha com “discrição”, seja no Congo, Haiti, Chile ou em outro
lugar.
Trabalha
na antecâmara do Papa desde 2007. Antes, estivera cinco anos na primeira secção
da Secretaria de Estado do Vaticano, que trata das relações com os Estados – e
onde está outro português, monsenhor Ferreira da Costa. Agora, é ele ou um
colega francês quem dá entrada para as audiências privadas – por exemplo, com o
rei da Arábia Saudita ou o presidente do Vietname.
Nos
corredores por onde circula, José Bettencourt tem a Praça de São Pedro a seus
pés. Neste tempo após a Páscoa, Roma continua invadida por turistas. A praça
não é excepção: autocarros estacionados, milhares aguardando vez para entrar na
basílica ou ver o túmulo de João Paulo II.
Não
tem dúvidas sobre a importância e a origem do serviço diplomático: no livro dos
Actos dos Apóstolos, São Pedro envia legados. No século III, os papas escreviam
credenciais aos reis e às autoridades da Igreja. As primeiras nunciaturas foram
estabelecidas em 1500, em Veneza e Paris, mas já antes havia relações com
estados, incluindo Portugal e a Mongólia.
Hoje,
o Vaticano tem relações com 178 países e 30 organizações internacionais. ”Mas
somos muito diferentes das outras representações diplomáticas: em países em que
o povo sofre, a Santa Sé é a voz do povo.”
(foto: António Marujo)
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