“A situação
não é fácil” e “os recursos são cada vez menores para a dimensão das
necessidades envolvidas”, diz a Convenção das Assembleias de Deus –
representativa da mais importante comunidade que integra a Aliança Evangélica
Portuguesa – num comunicado a propósito do Orçamento de Estado para 2013.
No texto, divulgado
na quinta-feira, apela-se ao Governo, aos grupos parlamentares do PSD e do CDS
e ao Presidente da República para que “envidem todos os esforços, no sentido de
evitar uma calamidade social”.
Apesar
disso, as igrejas locais das Assembleias de Deus “têm desenvolvido todos os
esforços, no sentido de apoiar a população em geral e os seus membros, em
particular, que estão a sofrer as consequências diretas da presente crise”.
Os
representantes da Assembleia de Deus acreditam “na existência de alternativas
resultantes do esforço de todos e que minimizem o drama em que vivem muitas
famílias”. No comunicado, acrescenta-se: “Os membros das Assembleias de Deus,
em conformidade com o mandato bíblico, continuarão a interceder em favor das
autoridades e das decisões que estão a ser estudadas e debatidas, para que
exista sabedoria nas opções que serão votadas.”
Uma mancha
que alastra na Europa
Nos últimos
dias, vieram entretanto a lume vários dados que traduzem o agravamento das
condições sociais na Europa. Em França, um relatório do Secours Catholique (SC,
a Cáritas francesa) traça um quadro “alarmante”, como caracteriza o semanário La
Vie: a pobreza está a aumentar e a atingir cada vez mais as mulheres. De acordo
com o relatório “Olhares sobre 10 anos de pobreza”, a proporção de famílias
acolhidas pelo SC passou de 47 por cento para 53 por cento, entre 2001 e 2011.
O document aponta outros numerous: 94 por cento dessas famílias
vivem abaixo do limiar da pobreza (964 euros) e 68 por cento abaixo do limiar
da grande pobreza (644 euros) – em Portugal, segundo os números de 2010, quase
40 por cento dos trabalhadores ganhava em media, 780 euros. Do milhão e meio de
pessoas que recorreram ao SC, quase metade eram crianças.
Numa entrevista ao semanário La Vie, a propósito deste relatório, o presidente do Secours Catholique,
François Soulage diz que “há duas atitudes possíveis: ser ‘pelos’ pobres ou
estar ‘com’ eles. Estar com eles é reconhecer-se a si mesmo pobre e avançar com
humildade naquilo que somos. Contentar-se com o que temos não é entrar num
frenesi de consumo”. No trabalho que faz sobre o tema, e que faz a capa do
último número, o La Vie chama a Soulage “o agitador católico”, por causa da sua
preocupação em recolocar a pobreza na agenda mediática e política.
Em outras zonas da Europa, a pobreza cresce também. Nos seus
“Sinais”, dia 9 na TSF, Fernando Alves trouxe-nos
a referência a outros dados: na Catalunha há 30 por cento de pessoas já
atingidas pela pobreza e outros 20 correm o risco de se lhes juntar. E cita
vários avisos: o da Cáritas da região da Alsácia, segundo a qual a pobreza se
instala “duradoiramente”; o da conferência da Unicef sobre pobreza infantil,
que concluiu que a austeridade não é receita para vencer a crise, que já levou
uma em cada quatro crianças europeias a ficar sem pão; e o da Rede Europeia
Anti-Pobreza, segundo a qual estamos a assistir à “democratização da pobreza”.
Para fechar como se começou, a propósito do OE 2103, a mesma rede avisava,
recorda ainda Fernando Alves na sua crónica, que o orçamento irá deixar
Portugal com mais de três milhões de pobres. (Foto reproduzida daqui)
1 comentário:
De facto o momento europeu é muito mau.....estamos a fazer um regresso ao mau passado, de forma assutadora, a vontade de não sabermos ser humanos....e ficarem uns quantos tão obcecados com o dinheiro, o poder.......que se perde tão rapidamente......
Que fazer???????
Enviar um comentário