A igreja paroquial de Nossa
Senhora do Monte, no Funchal
(foto reproduzida daqui)
O padre do Funchal Giselo Andrade,
que recentemente assumiu a paternidade de uma criança, foi retirado no final da
semana passada do cargo de pároco do Monte (paróquia na periferia urbana da
capital madeirense) e nomeado como responsável do Secretariado Diocesano das
Comunicações Sociais e do Jornal da
Madeira, título regional que recentemente voltou à posse da diocese, como
se pode ler aqui com mais pormenor.
De acordo com uma nota da
secretaria episcopal da diocese, o pároco do Monte manifestou, com o seu gesto
de assumir a paternidade, o seu compromisso em “assumir todas as
responsabilidades inerentes à situação criada, um sentido de responsabilidade
que muita gente apreciou, sem que, no entanto, perante o facto, se deixassem de
reconhecer, também, os seus aspectos negativos” – tendo em conta que “ele próprio
manifestou o desejo de continuar a exercer o ministério sacerdotal, nas
condições exigidas pela Igreja”, ou seja, voltando a exercer o celibato.
A nota (que pode ser lida aqui na íntegra) esclarece ainda que após “diálogos
com o próprio sacerdote, ouvidas algumas instâncias da Igreja e percepcionando
um sentido eclesial comum, por parte de sacerdotes, consagrados e leigos,
entendeu-se que constitui maior bem para o padre Giselo Andrade e para a Igreja
diocesana, dispensá-lo de pároco do Monte, podendo continuar a exercer o
ministério pastoral, através de algumas actividades que lhe estavam já
confiadas, na área das comunicações, e outras que eventualmente lhe sejam
atribuídas.”
A questão do celibato eclesiástico
tem estado na ordem do dia do debate público, não só por situações como esta
(aqui recordada com mais detalhe), mas também pelos casos de abusos
sexual de membros do clero sobre menores. Celibato e pedofilia não estão directamente
relacionadas, diz o psicanalista João Seabra Dinis considera, nem a questão dos
abusos está relacionada desde logo com o voto de castidade. No entanto, Seabra Dinis considera que a Igreja Católica deve reflectir profundamente o tema,
para perceber o que deve fazer no futuro, como adianta nesta reportagem do Expresso Diário sobre o assunto, publicada há dias.