quinta-feira, 13 de novembro de 2014

25 anos da queda do Muro de Berlim: “Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito”

“Não à violência. Esta é, para mim, a síntese mais curta do sermão da montanha. No dia 9 de Outubro de 1989, dezenas de milhares de pessoas não apenas gritaram esta frase, como também praticaram nas ruas o mandamento da não-violência – em Leipzig como noutras cidades da RDA [República Democrática Alemã].”
A frase é de Christian Führer, iniciador das Orações pela Paz que, propostas por um grupo de jovens em 1982, se realizaram em Leipzig durante sete anos e acabariam por levar à queda do Muro de Berlim, em 1989 – fez domingo 25 anos. Essas orações iniciaram uma “revolução feliz” que “começou pequenina – pequena como uma semente de mostarda que cai no chão”. Para os jovens, uma celebração anual não chegava. Por isso, começaram na Nikolaikirche, onde Christian Führer era pastor, as orações com ritmo semanal. 
Nascido em 1943, em Leipzig, Christian Führer conta a história desse movimento no livro Da Oração à Manifestação (Ed. Chrismon). Neste texto, publicado há cinco anos numa revista das igrejas evangélicas alemãs que é distribuída gratuitamente em alguns jornais diários, ele conta a história. No blogue 2 Dedos de Conversa, Helena Araújo traduziu o texto porque ele “lança um olhar inesperado sobre a História que conhecemos”.
“Pessoas, que enquanto criança nos infantários brincavam com tanques de guerra, educadas nas escolas para a luta militar de classes, ouviram a mensagem de Jesus. Não à violência. Por meio dela, tornaram possível a Revolução Pacífica, a primeira revolução com êxito na História da Alemanha”, conta ainda o pastor. “Para mim, isto é um milagre com dimensão bíblica. Como dizia o profeta Zacarias: ‘Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito’ (Zacarias, 4,6). E assim aconteceu, com início na Nikolaikirche de Leipzig e em muitas outras igrejas do país.”
O texto de Christian Führer pode ser lido aqui na íntegra.
No vídeo a seguir, também partilhado no 2 Dedos de Conversa, podem ver-se imagens de um concerto conduzido por Daniel Barenboim na Filarmonia de Berlim, para o qual o maestro convidou gratuitamente os cidadãos da cidade reunificada, três dias depois da queda do Muro. No mesmo blogue, pode ler-se a tradução das declarações do antigo chanceler alemão Willy Brandt e de um outro interveniente.
(outro texto sobre o papel dos cristãos na queda do Muro de Berlim pode ser lido aqui)


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