quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A esquerda, o pensamento social católico e o papa social-democrata

Debate

Na sua coluna semanal no Público, José Pacheco Pereira escreveu um estimulante texto sobre o pensamento social católico, a propósito da polémica acerca da atribuição dos vistos dourados. Sob o título Quem é que cria mais postos de trabalho? O Bloco de Esquerda ou a Remax?, escreve Pacheco Pereira:

Uma das causas desta situação está na relação estabelecida com o dinheiro, porque aceitamos pacificamente o seu domínio sobre nós e sobre as nossas sociedades. A crise financeira que atravessamos faz-nos esquecer que, na sua origem, há uma crise antropológica profunda: a negação da primazia do ser humano. Criámos novos ídolos. A adoração do antigo bezerro de ouro encontrou uma nova e cruel versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objectivo verdadeiramente humano.
O texto pode ser lido na íntegra aqui.

Também hoje, o eurodeputado Francisco Assis escreve a propósito dos discursos do Papa em EstrasburgoO texto esquece algumas coisas importantes – o papel de vários padres para o progresso científico actual, por exemplo – e defende que a esquerda deve aceitar o individualismo que o capitalismo permite, esquecendo que foi precisamente o individualismo exacerbado que levou à actual crise. Com o título A esquerda europeia e a Igreja Católica, escreve:
Significa isto uma identificação de posições ou a remoção absoluta de alguns dos perigos anteriormente identificados no discurso da Igreja? Seria insensato ir tão longe. Apesar de tudo há razões para alguma reserva. E, curiosamente, essas razões emergem de onde menos alguns poderiam esperar: de uma crítica excessiva ao sistema capitalista. É que, na verdade, este, mau grado todas as suas insuficiências, é gerador de liberdade. Há um lado a que deveremos estar sempre atentos na contestação radical do capitalismo: a dificuldade da convivência com o individualismo, com a plena autonomia de cada ser humano.
O texto pode ser lido na íntegra aqui.

O próprio Papa Francisco parece ter entrado no debate quando, no voo de regresso de Estrasburgo a Roma, um dos jornalista lhe perguntou se ele se considerava um social-democrata. A pergunta provocou-lhe o riso, como o próprio afirmou, e como se pode ler nesta síntese das suas declarações. (Aqui pode ler-se a transcrição integral, em italiano, das respostas aos jornalistas.)

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