Debate
Na sua coluna semanal no Público,
José Pacheco Pereira escreveu um estimulante texto sobre o pensamento social
católico, a propósito da polémica acerca da atribuição dos vistos dourados. Sob
o título Quem é que cria mais postos de trabalho? O Bloco de Esquerda ou a
Remax?, escreve Pacheco Pereira:
Uma das causas desta situação está
na relação estabelecida com o dinheiro, porque aceitamos pacificamente o seu
domínio sobre nós e sobre as nossas sociedades. A crise financeira que
atravessamos faz-nos esquecer que, na sua origem, há uma crise antropológica
profunda: a negação da primazia do ser humano. Criámos novos ídolos. A adoração
do antigo bezerro de ouro encontrou uma nova e cruel versão no fetichismo do
dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objectivo
verdadeiramente humano.
O texto pode ser lido na íntegra aqui.
Também hoje, o eurodeputado Francisco Assis escreve a propósito dos
discursos do Papa em Estrasburgo. O texto esquece algumas coisas importantes – o papel de vários padres
para o progresso científico actual, por exemplo – e defende que a esquerda deve
aceitar o individualismo que o capitalismo permite, esquecendo que foi
precisamente o individualismo exacerbado que levou à actual crise. Com o título
A esquerda europeia e a Igreja Católica,
escreve:
Significa isto uma identificação
de posições ou a remoção absoluta de alguns dos perigos anteriormente
identificados no discurso da Igreja? Seria insensato ir tão longe. Apesar de
tudo há razões para alguma reserva. E, curiosamente, essas razões emergem de
onde menos alguns poderiam esperar: de uma crítica excessiva ao sistema
capitalista. É que, na verdade, este, mau grado todas as suas insuficiências, é
gerador de liberdade. Há um lado a que deveremos estar sempre atentos na
contestação radical do capitalismo: a dificuldade da convivência com o
individualismo, com a plena autonomia de cada ser humano.
O texto pode ser lido na íntegra aqui.
O próprio Papa Francisco parece ter entrado no debate quando, no voo de
regresso de Estrasburgo a Roma, um dos jornalista lhe perguntou se ele se
considerava um social-democrata. A pergunta provocou-lhe o riso, como o próprio
afirmou, e como se pode ler nesta síntese das suas declarações. (Aqui pode ler-se a transcrição integral, em italiano, das respostas aos
jornalistas.)
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