terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Homilias do Papa, António Vieira e a avó Europa

Crónicas

Na sua crónica de domingo, no Público, frei Bento Domingues escreve sobre as homilias matinais do Papa em Santa Marta, a propósito da publicação, em Portugal, de um volume com as homilias do primeiro ano de pontificado. Sob o título O clericalismo é o vazio da profeciaescreve:

 O que irrita, nos discursos, nas tomadas de posição, nas atitudes e gestos de Bergoglio, é a dificuldade em o classificar sob ponto de vista de um agrupamento ideológico ou partidário e de o arrumar numa corrente espiritual exclusivista. A sua espantosa liberdade é o tecido das Homilias agora publicadas. Não se repetem nem servem para ser repetidas. Valem como inspiração de criatividade na Igreja e na sociedade. Não são feitas para distribuir doses de doutrina sobre a verdadeira fé da Igreja, nem de receitas repetidas sobre a moral católica. Também não são, apenas, um novo estilo com ares de modernidade. São uma nova cultura. Este Papa não é escravo do passado, não fica cego pela última moda, nem remete tudo para o futuro. Pratica o discernimento permanente nestas três dimensões do tempo. 
(o texto pode ser lido aqui na íntegra)

Fernando Calado Rodrigues também dedicou a uma colecção de livros a sua crónica de sexta-feira no Correio da Manhã. Com o título Padre António Vieira, escreve sobre os 30 volumes das Obras Completas do jesuíta do século XVIII, cuja edição, no Círculo de Leitores/Temas e Debates terminou agora.

Apesar de muitas das iniquidades denunciadas pelo padre António Vieira se terem entretanto mitigado, as suas palavras continuam, infelizmente, atuais. Ontem como hoje, o peixe graúdo continua a alimentar-se do miúdo, com a complacência e insensibilidade da generalidade das pessoas. Os príncipes, “em vez de guardarem os povos como pastores” continuam a roubá-los “como lobos”, mantendo-se atualíssimas as palavras do Sermão do Bom Ladrão, proferido em 1655 na igreja da Misericórdia, em Lisboa.
Quase quatrocentos anos depois, é um outro jesuíta que nos nossos dias ergue a sua voz para defender os oprimidos e explorados do nosso tempo: o Papa Francisco. Ambos são vozes incómodas que muitos tentam silenciar. Mas a sua obra permanecerá.
(o texto pode ser lido aqui na íntegra)


Sábado passado, no DN, Anselmo Borges escrevia sobre A avó Europa de Francisco, a propósito dos discursos do Papa ao Parlamento Europeu e Conselho da Europa:

A Europa mítica é uma princesa de Tiro. Como que a lembrar que é a Eurásia, a Europa ecuménica, de fronteiras imprecisas. Zeus disfarçado de touro aproximou-se da bela princesa fenícia, deixando que o acariciasse e trepasse para o seu dorso. Entrou então pelo mar, dirigindo Eros o casal para Creta, onde fizeram amor. Foi a esta Europa, ao mesmo tempo divina e terrena, e agora em crise, envelhecida e sem confiança, que o Papa Francisco se dirigiu na semana passada com dois discursos: ao Parlamento Europeu e ao Conselho da Europa. 1. Francisco quis deixar "uma mensagem de esperança e de alento" a uma Europa que, num mundo cada vez mais global, é cada vez menos "eurocêntrica" e dá a impressão de "cansaço e envelhecimento", a ponto de "os grandes ideais que a inspiraram parecerem ter perdido força de atracção".
(o texto pode ser lido aqui na íntegra)

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