Texto de António Marujo
O Papa Francisco com Marianne Schlosser e Mario Botta, os dois laureados
(foto reproduzida daqui)
O Papa Francisco sublinhou que “é muito importante que se reconheça cada vez mais a contribuição das mulheres no campo da investigação teológica científica e do ensino da teologia, considerados durante muito tempo territórios quase exclusivos do clero”.
Num curto discurso na cerimónia de entrega do Prémio Ratzinger, no passado sábado, 17 de Novembro, o Papa acrescentou: “É necessário que esta contribuição seja estimulada e encontre um espaço mais amplo, de modo coerente com a crescente presença de mulheres nos diversos campos de responsabilidade da Igreja, em particular, e não só no campo cultural.”
O Prémio Ratzinger deste ano contemplou, pela segunda vez, depois da francesa Anne-Marie Pelletier, o nome de uma mulher: Marianne Schlosser, professora na Universidade de Viena, especialista em teologia das épocas patrística (primeiros séculos cristãos) e medieval. São Boaventura é um dos autores que tem trabalhado e Joseph Ratzinger (o Papa emérito Bento XVI), patrono do prémio, dedicara também, em 1959, a São Boaventura e a Teologia da Históriaum dos seus primeiros trabalhos de jovem teólogo.
As doutoras da Igreja
“Desde que Paulo VI proclamou doutoras da Igreja a Teresa de Ávila e Catarina de Sena, não pode haver dúvida alguma de que as mulheres possam alcançar os cumes mais altos da inteligência da fé. João Paulo II e Bento XVI também o confirmaram, incluindo na série de doutoras os nomes de outras mulheres, Santa Teresa de Lisieux e Hildegarda de Bingen”, afirmou o Papa.
Além da teologia, os prémios Ratzinger passaram a incluir a distinção nas artes de inspiração cristã. Este ano, o escolhido nesta área foi o arquitecto suíço Mario Botta. “Ao longo da história da Igreja, os edifícios sagrados foram um apelo concreto a Deus e às dimensões do espírito onde quer que a proclamação cristã se tenha difundido”, afirmou Francisco. “Eles expressaram a fé da comunidade dos crentes, acolheram-na contribuindo para dar forma e inspiração à sua oração. O esforço do arquitecto, criador do espaço sagrado na cidade dos homens, tem, portanto, um enorme valor e deve ser reconhecido e acalentado pela Igreja, especialmente quando existe o risco do esquecimento da dimensão espiritual e da desumanização dos espaços urbanos.”
No discurso (na íntegra aqui, em castelhano), Francisco citou ainda a Bento XVI, num texto em que, numa pregação de São Boaventura no Advento, ele compara a esperança ao voo de uma ave: “Em certo sentido, toda ela se torna movimento para elevar-se e voar. Esperar é voar, diz são Boaventura. Mas a esperança exige que todos os nossos membros se coloquem em movimento e se projectem até à verdadeira altura do nosso ser, até às promessas de Deus. Quem espera – afirma – “deve levantar a cabeça, dirigindo ao alto os seus pensamentos, à altura da nossa existência, ou seja, até Deus.”
O Papa fez estas considerações exactamente no mesmo dia em que foi conhecida a nomeação de Ana Maria Jorge como nova directora da Faculdade de Teologia (FT) da Universidade Católica Portuguesa. Primeira mulher e primeira leiga a dirigir a FT, Ana Jorge é licenciada em História na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e doutorada em Ciências Históricas pela Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade Católica de Lovaina (Bélgica). Integrava já a direcção da faculdade liderada por José Tolentino Mendonça, antes da sua nomeação para bibliotecário do Vaticano.
O Papa fez estas considerações exactamente no mesmo dia em que foi conhecida a nomeação de Ana Maria Jorge como nova directora da Faculdade de Teologia (FT) da Universidade Católica Portuguesa. Primeira mulher e primeira leiga a dirigir a FT, Ana Jorge é licenciada em História na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e doutorada em Ciências Históricas pela Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade Católica de Lovaina (Bélgica). Integrava já a direcção da faculdade liderada por José Tolentino Mendonça, antes da sua nomeação para bibliotecário do Vaticano.
(Ler também, aqui, a crónica de Fernando Calado Rodrigues no JN, acerca do mesmo tema)
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