O Papa Francisco e o Patriarca Bartolomeu
(foto Umit Bektas/Reuters, reproduzida daqui)
Foram
três dias cheios de gestos simbólicos e palavras fortes, sobretudo no campo do
ecumenismo, da afirmação da paz e da defesa da liberdade religiosa. Na sua
viagem à Turquia, o Papa Francisco
revelou ter rezado pela paz na Mesquita Azul, em Istambul, anunciando o desejo
de visitar o Iraque e de se encontrar com o patriarca de Moscovo.
Num dos
encontros deste périplo turco, o Papa esteve com o Patriarca ecuménico ortodoxo
Bartolomeu, a quem disse que católicos e ortodoxos se encontram a “caminho para a plena comunhão”, garantindo que a Igreja
Católica “não tem intenção de impor qualquer exigência, excepto a da profissão
da fé comum”.
“A voz das vítimas
dos conflitos impele-nos a avançar apressadamente no caminho de reconciliação e
comunhão entre católicos e ortodoxos”, afirmou a propósito.
Na mesma ocasião, Francisco e Bartolomeu
assinaram uma declaração conjunta em que apelam à intervenção da comunidade
internacional em favor dos cristãos do Médio Oriente, mas recusando a hipótese da guerra. No texto, afirmam os dois
líderes: “Expressamos a nossa preocupação comum
pela situação no Iraque, na Síria e em todo o Médio Oriente.” (mais pormenores
aqui; texto integral da declaração,
em inglês, italiano e espanhol, aqui)
A manifestação do desejo de visitar o Iraque
surgiu já no voo de regresso de Istambul para Roma. Numa conferência de
imprensa que durou 45 minutos, o Papa acrescentou que, quando visitou a
Mesquita Azul, perguntou ao grão-mufti: “Rezamos
um pouco? Ele respondeu-me que sim”, afirmou. “Na mesquita rezei pela Turquia,
pelo mufti, por mim. Disse: Senhor, acabemos com estas guerras.”
Na
mesma ocasião, o Papa Bergoglio confirmou que tivera a intenção de visitar um
campo de refugiados ou o Curdistão, mas tal não foi possível. Mas disse: “Quero
ir ao Iraque, já falei com o patriarca [Louis] Sako. Neste momento não é
possível, se lá fosse, criar-se-ia um problema para as autoridades, para a
segurança.”
Sobre
o diálogo com os ortodoxos, Francisco afirmou que “a unidade é um caminho que
se tem fazer e fazer juntos”, incluindo em assuntos como a data da Páscoa e o
“primado” do bispo de Roma. E acrescentou que já manifestou ao Patriarca Cirilo,
de Moscovo, que está pronto para se encontrar com ele – nunca nenhum Papa se
encontrou com o Patriarca de Moscovo, líder da mais importante Igreja Ortodoxa,
apesar de Constantinopla (actual Istambul) deter o “primado de honra” entre os
patriarcas ortodoxos. (Mais detalhes
sobre a conferência de imprensa no avião podem ser lidos aqui)
Para ter uma síntese do que foram
estes três dias turcos do Papa Francisco, podem ver-se as reportagens de
Joaquim Franco, na SIC, através destas ligações: