Música - Disco
Ontem, 3 de Dezembro, foi dia de São Francisco Xavier, segundo o calendário católico. Xavier foi herói de muitas aventuras e viagens, cuja itinerância nos foi sugerida por Jordi Savall, em 2007, numa obra que celebra o caminho do Oriente e o encontro entre dois mundos então quase desconhecidos.
Ontem, 3 de Dezembro, foi dia de São Francisco Xavier, segundo o calendário católico. Xavier foi herói de muitas aventuras e viagens, cuja itinerância nos foi sugerida por Jordi Savall, em 2007, numa obra que celebra o caminho do Oriente e o encontro entre dois mundos então quase desconhecidos.
Esse
disco-livro é uma viagem iniciática. Que nos leva desde o castelo de
Xavier (em Navarra), passando por Paris, Roma e Lisboa, até à Índia, Japão e
China. Num outro plano, esta jornada oferecida por Jordi Savall acompanha a
vida de Francisco Xavier, apóstolo do Oriente, e atravessa o fervilhar do
humanismo renascentista. A música segue a par de “O Elogio da Loucura” de
Erasmo de Roterdão, “O Príncipe” de Maquiavel, a “Utopia” de Tomás Moro, e as
95 Teses de Wittenberg, redigidas por Lutero, que romperam a unidade decadente
da Igreja no Ocidente.
Descobrimos
ainda o movimento da Contra-Reforma, a regra da nascente Companhia de Jesus, as
religiões poliédricas de África e da Índia, os cristãos esquecidos de Cochim, o
islão do Oriente, o budismo e as religiões japonesas.
Tudo isto
em apenas dois discos? Muito mais: as referências culturais, oferecidas no
livro, cruzam-se de forma perfeita com a música que só Jordi Savall poderia
seleccionar desta forma delicada e preciosa. A poesia da música europeia (do
gregoriano a Escobar, Narváez, Isaac ou Morales, entre outros) junta-se à
intensidade dos ritmos africanos e ao exotismo dos sons orientais para nos dar
uma obra-prima e indispensável.
Vale a pena ver e ouvir este trecho, recuperado depois da tragédia do
sismo de Março de 2011 no Japão num disco cuja receita reverteu para as vítimas
da tragédia. Aqui
podem ler-se outros textos de Jordi Savall sobre o projecto de contar através
da música as errâncias de Francisco Xavier.
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