segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Estatísticas da fé e duas perguntas sobre Jesus e o Natal


Crónicas

Nas crónicas de fim-de-semana, Calado Rodrigues trata das estatísticas sobre a religião enquanto Bento Domingues pergunta se JesusCristo é uma causa perdida (a crónica de Anselmo Borges no DN de sábado já antes tinha sido referida neste blogue)
No seu comentário semanal, “À procura da Palavra”,  aos textos da liturgia católica de domingo passado (o IV domingo do Advento), o padre Vítor Gonçalves fala do que pode ser o melhor presente:

O melhor presente

Logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio” (Lc 1, 44)
     
O tempo não está para prendas. Só se forem promoções, ou coisas indispensáveis!” Quem não ouve e não sente este desabafo que sobe dos magotes de gente que vão aos centros comerciais, simplesmente “ ver as montras”, para desespero dos logistas. Mas nem a crise abala os desejos de inúmeros miúdos, como os daquelas turmas de um amigo meu, que pedem de prenda para este Natal um “tablet”! O professor ainda brinca e diz: “querem tabletes de chocolate?” Mas não se brinca com o que é sério: “Não! Tablets verdadeiros e com ligação à internet.” E entristece-se o meu amigo pois sabe que muitos os vão ter, como já têm telemóveis de última geração, principalmente aqueles que beneficiam de apoio social. Os mesmos que os pais dizem que não conseguem fazer nada deles! 
É antiga a conversa de que é mais fácil substituir o tempo, o amor, o “não” em hora certa, por coisas que se dão aos filhos. Mas é cada vez mais premente reflectir porque se dão coisas que não são verdadeiramente necessárias Para compensar a pouca paciência com eles? Para que não cresçam frustrados por não terem o que lhes apetece? O investimento no ter acaba por ser o caminho mais fácil e imediato. Mas são presentes envenenados. Porque uma criança, ou um adulto, mais do que “gadgets” electrónicos, e de ligações à internet, precisa de tempo, de carinho, de amizade. Precisa do presente da presença de quem diz que o ama. (Pois também se chega a ouvir um pai ou uma mãe dizer que não gosta do seu filho!) Mais do que a sociologia dos números de nascimentos no nosso país, importa saber como estamos a educar os nossos filhos. Saber que presente lhes estamos a proporcionar, e em primeiro lugar, como lhes damos o presente de nós mesmos?! 
A mãe de Jesus não ficou muito preocupada em arranjar o enxoval do Filho de Deus que crescia dentro de si. Lá percebeu que era mais urgente ir ter com Isabel. O fruto mais belo da fé é sempre a caridade. O que é dom de Deus multiplica-se em quem recebe e dele, transborda para outros. Maria leva o melhor presente: o Deus Menino a crescer nela. Leva-se a si mesma, e a alegria do encontro das duas mães tem sido pintada e esculpida por inúmeros artistas. O melhor presente nunca são “coisas”, por mais caras e valiosas que sejam. Cada um de nós é o melhor presente. E quando sabemos que em nós e nos outros também está o próprio Deus, a alegria pode ser plena.
A dois passos do Natal será possível rever o valor dos nossos presentes? Sem precisar de embrulho nem de fitas, podemos pensar em quem amamos e inventar modos de sermos o seu melhor presente? Com ou sem palavras, podíamos dizer: “Aqui estou! Para ti, com o meu tempo, o meu carinho, a minha alegria de estares comigo, de tanto querer que sejas feliz, de vivermos juntos alegrias e dores, de seres tão importante para mim! Sou o teu melhor presente! E este é o melhor Natal ”. Cá para mim, imagino Jesus a dizer-nos algo parecido! 

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