São canções originárias do Minho, das Beiras,
Alentejo, Trás-os-Montes, Ribatejo, Douro e Madeira. São canções de Natal e das
Janeiras. Ou criadas por Fernando Lopes-Graça para crianças a partir de textos
do património cultural e religioso natalício. Este duplo disco, segundo volume
da obra coral a capella do
compositor, recupera as criações de Lopes-Graça para este tempo de Natal, fruto
do seu trabalho a partir do património e das tradições musicais populares.
Ateu e comunista confesso, Lopes-Graça respeitava
profundamente a cultura religiosa portuguesa e compôs mesmo vários Salmos e um
Requiem, como recorda Sérgio Azevedo no texto de apresentação do disco. Quer no
caso das duas Cantatas de Natal, dos Três Cantos dos Reis (aqui gravados pela
primeira vez) e do Presente de Natal para as Crianças, evidencia-se todo o
trabalho de filigrana de Lopes-Graça na recolha e preservação desse património
único que a cultura portuguesa foi forjando, bem como na sua recriação.
Entre as composições que estes dois discos apresentam,
incluem-se “Do varão nasceu a vara”, “Pela noite de Natal”, “Deus lhe dê cá
boas noites”, “Estas casas são mui altas”, “O Menino da bandeirinha vermelha”
ou ainda o “Acordai, Senhora”, que se aproxima da “Heróica” que adopta um texto
de José Gomes Ferreira, “Acordai!”
Sérgio Azevedo resume: “De forma magistral, o
idioma de Fernando Lopes-Graça funde o melhor do nosso património musical
erudito e popular numa linguagem única, intrinsecamente ibérica, intemporal,
rude e sofisticada ao mesmo tempo, uma linguagem que, desde os primeiros
compassos, e seja qual for o material usado como base para a sua composição, é
inequivocamente a sua.”
Acerca deste disco, Manuel Vilas Boas
entrevistou neste dia de Natal, na TSF, o director do Lisboa Cantat, Jorge
Carvalho Alves, possibilitando também a escuta de algumas das músicas.
No Público, Alfredo Teixeira fala das metamorfoses do Natal e das suas tradições, citando, entre outros
sinais, as cantatas de Lopes-Graça.
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