sábado, 15 de dezembro de 2012

Quem com armas mata, com armas morre


Mais um massacre nos Estados Unidos. Desta vez, na cidade de Newtown, no Connecticut. Mais 20 crianças mortas, para lá de outros adultos, incluindo o rapaz que atitou a matar – ao que parece, usando armas que a mãe, professora, tinha em casa (o autor do crime terá também morto o pai e a mãe e ter-se-à suicidado a seguir ou sido morto pela polícia –as circunstâncias estão ainda pouco esclarecidas).
Nas rádios, televisões e jornais repetem-se, como em vezes anteriores, vozes que se espantam a perguntar como é possível tal coisa. A memória é curta e a incapacidade de ver fundo é muita. Em 1999, um massacre na escola de Columbine, no centro interior dos Estados Unidos, também já tinha espantado muita gente. Três anos depois, Michael Moorre fez mesmo um filme a partir desse acontecimento: Bowling for Columbine desmonta a paranóia de uma sociedade que se diverte com armas de fogo, que defende as armas de fogo, que se mata com armas de fogo. Mas Michael Moore é um homem de esquerda e os factos que apresenta no filme são vistos por muitos como ideologia e não como realidades que devem ser profundamente debatidas e alteradas.
Agora, mais uma vez, é de novo tarde demais para chorar as vítimas duplamente inocentes desta tragédia. E da próxima vez, será de novo tarde demais, se os Estados unidos nada fizerem para inverter este flagelo social. Uma sociedade que persiste em matar com armas, com armas morre. 
Há vozes, entretanto, que começam a colocar os dedos nas feridas certas. Os bispos católicos dos EUA criticam a “cultura de violência”. A RTP entrevistou um intendente da Florida (erradamente identificado no site como governador do Connecticut) que diz que é preciso mudar a lei, acabar com a facilidade de acesso a armas ligeiras e com o poder do "lobby" das armas que vigoram nos Estados Unidos.
O Presidente Obama, numa declaração a propósito deste último massacre, recordou vários outros massacres do género e disse que é necessário tomar medidas para evitar que casos como este se repitam. Pode ser que tenha entendido que é necessário de vez mudar a lei e começar a criar uma mentalidade menos violenta no seu país.
Mas este é um problema que atravessa fronteiras, como não se tem cansado de repetir o Observatório Permanente Sobre a Produção,
Comércio e a Proliferação de Armas Ligeiras. Basta recordar que há pouco mais de um mês este organismo da Comissão Justiça e Paz alertara, por exemplo, para o aumento significativo das licenças de armas ligeiras em Portugal, em 2011.

(Foto: REUTERS/Newtown Bee/Shannon Hicks/, reproduzida daqui)

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