Esta é uma música que nos devolve a memória do dilúvio e da
reconciliação entre Deus e os homens. A Arménia é a antiga região montanhosa do
Urartu, onde a arca de Noé encalhou, recorda-nos Jean-Pierre Mahé num dos
textos que acompanham este disco.
Mas é também uma obra de várias homenagens: à
cultura arménia, uma das mais antigas civilizações cristãs do Oriente (e o
primeiro Estado cristão do mundo, no início do século IV, quando o rei e o
exército se fizeram baptizar); a um património musical único, onde se destacam
instrumentos como o duduk e akamancha e músicos
como Sayat Nova; que nos oferecem «sons do outro mundo» de uma «beleza e
espiritualidade comoventes», como escreve Jordi Savall; a Montserrat Figueras,
que tinha um grande fascínio por esta música e este património; e ao povo que
«tanto sofreu na História» e que, apesar disso, «inspirou músicas cheias de
amor e portadoras de paz e harmonia».
É mais um disco de uma beleza ímpar, que
Jordi Savall e o Hespèrion XXI nos oferecem, acompanhados desta vez por vários
músicos arménios.
Título: Esprit
d’Arménie
Intérprete: Jordi Savall, Hespèrion XXI e outros
Edição: Alia
Vox; info: vgm@plurimega.com
(texto da edição de Além-Mar de Dezembro 2012)
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