Mais ainda que ecuménico, D. Manuel Clemente é, diante da sociedade, um exemplo de tolerância e de empenho. Estes não são lugares comuns. A tolerância, nestes dias presentes, é um bem raro, uma virtude frágil. Muitos dizem que os religiosos, porque crentes, são os mais predispostos à intolerância. Quando, por exemplo, se fala de fundamentalismo, logo se pensa em religião, em muçulmanos, católicos, protestantes, evangelistas, judeus e outros. Digam a palavra fundamentalista e logo se dirá “religião”. É verdade que, entre os religiosos, há forças fundamentalistas geralmente inimigas da tolerância. Mas há uma outra verdade: entre os chamados laicos, entre os agnósticos e os ateus, o fundamentalismo reina também. Os intolerantes que conheço são tanto religiosos como agnósticos. Excluem-se com a mesma fúria e têm a certeza de que os outros estão sempre no erro. Há um fundamentalismo anti-religioso tão perturbador e tão fracturante das sociedades quanto os fundamentalismos religiosos.
António Barreto
[Apresentação de “Um só propósito – Homilias e escritos pastorais” Manuel Clemente, Bispo do Porto. 25 de Março de 2009]
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