O Papa Bento XVI defendeu hoje a possibilidade de a Igreja criar um espaço de diálogo com os ateus, durante o habitual discurso à Cúria Romana, em que faz o balanço do ano. Além de aludir à possibilidade de criar esse “pátio para os gentios”, destacou, também, as suas viagens pastorais no ano que agora termina e voltou a deixar um apelo à paz.
No discurso, o Papa destacou ainda o recente Sínodo dos Bispos africanos, dedicado ao tema “Reconciliação, Justiça e Paz”, sublinhando o exemplo da Europa para ajudar a sarar as feridas da guerra naquele continente: “Se olharmos para os sofrimentos e penas da história recente de África, mas também para muitos outros lugares da Terra, vemos que contrastes não resolvidos e profundamente enraizados podem levar, em certos casos, a explosões de violência que parecem esmagar todo o sentido de humanidade. A paz só se pode realizar quando se alcança uma reconciliação interior. Podemos considerar como exemplo positivo de um processo de reconciliação bem sucedido a história da Europa depois da Segunda Guerra Mundial”.
Bento XVI apelou, ainda, à urgência da reconciliação interior e à importância de se reconhecer a culpa. Apontou a penitência como caminho de paz e estendeu a mão aos agnósticos e ateus: “Penso que a Igreja deveria hoje criar uma espécie de ‘pátio para os gentios’ onde os homens possam, de algum modo, agarrar-se a Deus, mesmo sem O conhecer e antes de ter acesso ao Seu mistério, ao serviço do qual está a vida interna da Igreja. O diálogo com as religiões deve hoje alargar-se ao diálogo com aqueles para quem a religião é uma coisa estranha, para quem Deus é um desconhecido mas que, todavia, não querem ficar sem Deus e querem aproximar-se Dele, ao menos, como Desconhecido”.
(Notícia do Página 1, da RR; o texto integral do discurso deverá ficar disponível, em breve, aqui.)
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