O Papa Bento XVI publicou terça-feira passada a sua mensagem para o Dia Mundial da Paz (próximo 1 de Janeiro). Dedicada ao tema “Se queres cultivar a paz, preserva a criação”, a publicação do texto coincidiu com os últimos dias da cimeira de Copenhaga, onde um eventual acordo eficaz parece ainda nublado (ver post anterior). A necessidade d erever o modelo de desnvolvimento já tinha sido defendida na encíclica Caritas in Veritate, mas para muitos sectores, memso no interior da Igreja Católica, esta é uma ideia que custa a ser assumida. O sistema económico que conhecemos é o responsável pela crise ecológica, diz também o Papa, mas muitos preferem ignorar essa ideia e sublinhar as frases mais anódinas dos textos do Papa. No Público, fiz uma síntese da mensagem da Paz, remetendo para o texto integral:
O Papa Bento XVI defende “uma revisão profunda e clarividente do modelo de desenvolvimento”. Na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, que se assinala a 1 de Janeiro próximo, o Papa acusa mesmo os países industrializados de serem responsáveis pela “crise ecológica” que se vive. E diz ser necessário “reflectir sobre o sentido da economia e dos seus objectivos, para corrigir as suas disfunções e deturpações”.
Depois de ter intensificado referências ao tema do ambiente e da ecologia, nas últimas semanas, a propósito da Cimeira de Copenhaga, Bento XVI vem agora defender a responsabilidade da preservação do ambiente, quer em relação às gerações futuras, quer “entre os indivíduos da mesma geração, especialmente nas relações entre os países em vias de desenvolvimento e os países altamente industrializados”.
Com o título “Se queres cultivar a paz, preserva a criação”, diz Bento XVI que é necessária uma “actividade económica mais respeitadora do ambiente”. E escreve: “O desenvolvimento humano integral está intimamente ligado com os deveres que nascem da relação do homem com o ambiente natural, considerado como uma dádiva de Deus para todos, cuja utilização comporta uma responsabilidade comum para com a humanidade inteira, especialmente os pobres e as gerações futuras.”
Não é a primeira vez que um Papa liga a questão da paz aos problemas ambientais. Já em 1990, o Papa João Paulo II escreveu a mensagem do Dia Mundial da Paz com o tema “Paz com Deus criador, paz com toda a criação”. A teologia cristã vem acentuando, desde há três décadas, a questão do cuidado com a criação. Bento XVI recorda que o seu antecessor previa já que a “exploração inconsiderada da natureza” traria o risco de tornar a humanidade “vítima dessa degradação”.
Nesta mensagem (disponível na íntegra aqui), o Papa enumera os problemas ambientais que se verificam. Entre outros, alterações climáticas, desertificação, poluição das águas, perda da biodiversidade, aumento de calamidades naturais, desflorestamento, refugiados ambientais.
“Trata-se de um conjunto de questões que têm um impacto profundo no exercício dos direitos humanos, como, por exemplo, o direito à vida, à alimentação, à saúde, ao desenvolvimento”, escreve.
As sociedades mais avançadas têm que favorecer também “comportamentos caracterizados pela sobriedade”, acrescenta ainda Bento XVI.
(Foto: Uma índia brasileira no rio Amazonas, durante o simpósio Religião, Ciência e Ambiente, realizado em Manaus, em 2006)
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