Tendo sido um nome de referência durante e após o Concílio Vaticano II, Schillebeeckx publicou mais de 400 trabalhos, entre livros e artigos, traduzidos em mais de uma dúzia de idiomas.
Este teólogo dominicano, durante anos assessor do Episcopado holandês, preocupou-se com a fundamentação teológica da incarnação na mensagem cristã nas condições do mundo de hoje. Logo nos anos pós-conciliares teve de depor diante da Congregação da Doutrina da Fé por causa das posições que defendia. No entanto, nunca chegou a ser silenciado ou impedido de leccionar.
Há exactamente dois anos, o jornalista Robert J. McClory, da revista norte-americana National Catholic Reporter, entrevistou o teólogo na sua casa de Nimega. Entre os temas tratados, veio ao de cima a questão de quem pode presidir à Eucaristia. Eis a transcrição do texto publicado por aquela publicação católica:
Foi Schillebeeckx quem alegou, no seu livro de 1980, "Ministério: Liderança da Comunidade de Jesus Cristo", que a Igreja se tinha equivocado, ao ligar o direito dos fiéis à Eucaristia a um certo poder "mágico" da hierarquia para ordenar, desligando-o, desse modo, da comunidade dos cristãos. Ele observou que o Concílio de Calcedónia, no século V, havia declarado qualquer ordenação de sacerdote ou diácono ilegal, nula e sem efeito, a não ser que a pessoa em causa tenha sido escolhido por uma dada comunidade para ser seu líder.Nota biográfica sobre E. Schillebeeckx: aqui.
Porque a Igreja tem ignorado, basicamente, esta clara directiva dos primórdios da igreja ao longo do segundo milénio, Schillebeeckx apontou "novas possibilidades" para restabelecer a ligação da Eucaristia às raízes da sua comunidade, mesmo que tais acções contradigam a lei da Igreja actual.
Em "Igreja e Ministério," o documento recém-lançado, os dominicanos apresentam como "novas possibilidades" esta: "Homens e mulheres podem ser escolhidos para presidir à Eucaristia pela comunidade da igreja, isto é,"a partir de baixo ", e esta pode, então, pedir a um bispo local para ordenar essas pessoas "a partir de cima".
Se, no entanto, "um bispo tiver de recusar uma confirmação ou coordenação" dessas pessoas "com base em argumentos que não envolvam a essência da Eucaristia, como a exigência de os diáconos ou sacerdotes serem celibatários, as paróquias poderão avançar sem a participação dos bispos, confiantes "de que eles são capazes de celebrar uma Eucaristia real e genuína quando estão juntos na oração e partilham o pão e o vinho."
Para conhecer melhor o teólogo: aqui.
(Gravura: capa da biografia do teólogo A Theologian in his History, escrita por Erik Borgman e publicada em 2004 pela Continuum, em inglês)
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